Quer os contos do Constantino, quer o malfadado in-folio sem
nome nem jeito, já tiveram melhores dias. Quero dizer, têm-se lhes vindo a
subtrahir leitores e se de facto ha aquelles bloggers, os quaes dizem que ter
leitores, para elles, não é cousa d’ importancia eu pergunto, então não
comprehendo porque não escrevem em privado? Quem escreve para o publico quer publico.
O escritor aprecia quem lhe aprecia o fructo do seu labôr (não era para
rhymar). E não se trata aqui de supplicar por commentarios ofertados em odes
votivas. Não se trata de mystica, mas sim de mera constactação da realidade. As
salas de cinema vazías não são só prejuízo, são também frustração para
produtores, realizadores e actores. Quando vou ao theatro e olho para os lados
e vejo apennas mais oito pessoas a assistirem áquela peça de Gorki representada
por uma companhia de theatro em que os actores são provenientes do
conservatório (quão diferentes serão os que ad-vieram de novellas televisivas?),
a ovação final dos nove espectadores deve deixar n’ elles um sabor a fel na
bocca. E o que dizer ao autor que acabou de passar no kiosque da feira e viu a
vender por uns míseros vinténs, á escolha, quase toda a sua edição, no meio d’outros
que também não venderam mais do que quarenta e does exemplares? Pois minhas
amigas e meus amigos confrange-me vêr um cada vez menor numero de leitores n’este
blogue mas, apesar das frustrações supra-referidas a que não sou de modo nenhum
immune, vou continuar a escrever. Não entendam este texto como uma lamúria ou
algo de piegas pois não sou narcisista ao ponto de criticar quem cá não lê,
antes pelo contrário, se o blogue não cólhe é porque a maioria dos leitores
blogosphericos n’ isto vê pouco interesse. Ainda assim, sem despeicto por blogues
que se affirmam a fallar de sapatos de senhora cor-de-rosa ou que annuncíam aos seus leitores de que hoje espirraram duas
vezes mal se levantaram de manhã, mesmo que isso dê uns milhares de leitores
mensaes e dê também alguns milhares de euros annuaes (o que não é uma bagatella),
vou apenas escrever aquillo que me dá gozo e, acreditem se quiserem, mesmo com
mágoa de não ter conseguido cativar leitores para a minha escrita, enquanto
houver um só, unzinho só, que aqui venha ler cada post de fio a pavio, não
fecharei o blogue ao publico. Assim a minha mente não se decrepite e os meus
dedos não se quedem gottosos. Garanto-vos que isto não é philosophia.
Estava eu aqui n’esta scisma com a minha mulher, quando ella
me fez uma observação pertinnente que ainda não me tinha passado pela idéa e á
qual prestei a minha melhor attenção. Ella tentou fazer-me vêr que aquelles
leitores que gostam mais de ortographia antiga me abandonaram e acham que a
nova é uma tyrannia collonial brasileira. Só me lê quem, embora possa não estar
de acordo, não tem difficuldades em aceitar o uso d’ este Acordo Ortographico e
a quem tiro o meu chapéo. Deixei-me cahir no sofá e foi ahi que decidi rever o
methodo. No intuito de recuperar leitores acendera-se me uma chamma e tive esta
sahida de escrever este post, sem qualquer pedantismo rethorico, apenas fazendo
uso de ortographia antiga. Não sei se abusei ou não, mas pelo amor de Christo,
não recuei a D. Denniz, nem a Luiz de Camões. Eça de Queiroz, outr’ora,
escrevia assim e eu acho que percebi os signais. Soceguem pois os que por mor
d’isso abalaram. Podeis voltar tryumphantes.
D’este que se assigna Victor de appelido Constantino.
PS. Trata-se
apenas de um exercício de estilo que me deu prazer pois me obrigou a alguma
pesquisa, que me fez bem porque tenho andado muito preguiçoso ultimamente.
Continuarei a editar os meus textos segundo o mais recente Acordo Ortográfico.
Meu caro, nem pense... em parar com a tasca. Deixava-me à rasca, sem ter para onde ir, beber um copo me divertir... Não considere descortezia ter faltado no outro dia... nem pense que foi por causa do seu texto... o meu livro foi o pretexto a explicação, pois que o ando vendendo de mão em mão...
ResponderEliminarQuanto ao exercício de escrever como os ancestrais. Está aprovado e... quero mais
Amigo Rogério,
Eliminara tasca não fechará tão cedo assim hajam histórias para contar e a ASAE não se meta nisso. Sim porque já ouvi dizer que mais cedo ou mais tarde ela entrará por ali a dentro para ver se ainda há colheres de pau e se o lava copos espirra a água de baixo para cima ou de cima para baixo.
desejo continuação de boas vendas e se ainda não o comentei por aqui foi porque ainda não tive tempo de ler. Quando terminar um dos 3 que estão abertos o seu está já na poule-position.
Um abraço e bom fim de semana.
Gostei do exercício de estilo e, sim, acredito Prosista de minha eleição que, tenhas tido uma grande trabalheira de "laboratório". Mas fica ciente que sou daquelas que sou totalmente contra ao AO ... sou uma patriota!... e, o novo acordo, não trata a evolução de uma língua mas sim, uma violação grave da identidade Nacional onde estão em causa direitos fundamentais como o direito à identidade da língua de país ...
ResponderEliminare pronto :)
Beijos daqui ...
Minha querida poetisa maravilha,
EliminarExiste nesse teu sentimento patriota algo de muito respeitável. não serei eu, nem em pensamento a tentar quebrar-te esse fervor pela Pátria Lusa. Mas deixa-me apenas recordar-te que se os brasileiros não falassem português hoje teria uma língua tão propagada como o holandês só para não ser mauzinho e não dizer que se calhar a nossa língua teria para os outros o som de um luxemburguês acabado de sair de uma cervejaria. Sabes quantos milhões, falam português, sim português, seja ele de Angola ou de Timor-Leste? E sabes quantos desses milhões são brasileiros?
Dei entrada do comentário, antes de te mandar um beijinho e desejar bom fim de semana.
EliminarBeijocas, poetisa maravilha.
Vitor Fernandes
ResponderEliminarUm post de se lhe tirar o CHAPÉO.
Imagino o trabalho de pesquisa que teve com a ortographia antíqua.
Parabéns.
Tenho andado um pouco arredado daqui por um motivo bem justificativo. É que eu sigo cerca de 400 blogues e há sempre um ou outro que vai escapando. Prometo ficar mais atento na próxima publicação.
Um grande abraço. :)
Um outro para si e apareça sempre porque é muito bem vindo. Eu volta sim, volta não também lá estou caído no seu. E se não vou mais vezes, não é por causa dos 400 mas dos 50 que leio por dia. Uns dias calha a uns, outros dias calha a outros.
EliminarUm abraço e bom fds.
Umazinha, já presente aqui! :)))
ResponderEliminarE a pesquisa deve ter sido aturada, porque este palavreado que alguns gostariam de ainda ver adotado, em vez dessas modernices de acordos ortographicos, deve ter dado uma trabalheira... :)
Portuguesinha de Portugal, com muita honra, não percebo onde tanta gente que escreve tão mal, vai buscar essa da tirania colonial brasileira e amua durante 22 anos, por não querer mudar a maneira de escrever! Se aprendessem a escrever sem dar erros ortográficos ou gramaticais, antes do AO ou depois dele, isso sim, é que era meritório! Assim, mais parece desculpa esfarrapada... de quem não deseja perder uns minutinhos a aprender a própria língua! Língua de fora para eles... :P
E beijocas para ti pela magnífica prosa! :D
Isto é uma birra. Depois passa-lhes. Sempre houve evolução da língua. Para dar um exemplo, quando aprendi a escrever ainda se acentuavam graficamente os advérbios de modo. Porque é que os que defendem que deve escrever como se aprendeu não o fazem? Dentro de dez anos já ninguém se lembra de escrever á moda "antiga". Deixa-os pousar...
EliminarBeijinhos e bom fim de semana.
*
ResponderEliminarmeu amigo virtual,
adoro os teus escritos,
mergulho neles, como no meu mar !
apenas te esmolo, Cristo é dúbio,
todos os crucificados são Cristos . . .
o Mau ladrão o Bom ladrão . . .
Jesus, Javé, Emanuel ou o . . .
personificam, aquele diz,
(eu sou a verdade e a vida) .
e continua a ser, não na forma
que eles impõem, mas na forma,
que nós sentimos . . .
,
Paz, muita Paz, deixo-te !
,
*
Poeta dos comentários sempre em forma de poema a demonstrarem uma inspiração infinita.
EliminarUm grande abraço.
Ler esse texto, me fez fuçar meus arquivos (sim, eu tenho arquivos: de papéis, com reportagens, imagens e outros 'agens' que me interessam), e rever meu material de paleografia, cartas antigas, do bispado português, em Olinda, para o rei de Portugal, e a letra cursiva, um pouco mais complicada que essa sua, hehe! Eu adorava/adoro!
ResponderEliminarSó faço uma ressalva quanto à "tyrannia collonial brasileira", se é (e foi) um acordo, pressupõe uma dialética, e que ambas as partes concordaram. Eu particularmente insisto em dizer que tínhamos coisas mais interessantes para acordarmos, afinal, a escrita de um povo é também a sua identidade. Excetuando esse particular, todo o texto está um primor, e fecho contigo: todo mundo quer ser lido!
;)
Olá minha querida,
EliminarComo na resposta que dei à Lis tentei explicar, a expressão tirania colonial brasileira não é minha e onde reitero o meu desacordo com ela. também concordo contigo que haveria coisas mais urgentes para se acordar ou comprometer do que as alterações à ortografia mas no mundo as coisas correm em paralelo e não em sequência pelo que não vejo nenhum mal a que se tenha feito este acordo.
Muito obrigado pela tua carinhosa apreciação do texto e como sabes o recíproco é verdadeiro. passo o tempo espiando o teu blog na ânsia de beber as tuas palavras.
Um beijinho e bom fim de semana.
Mas que reviravolta é esta, Ó Constantino? O que é que aqui se passa?
ResponderEliminarEu que por mor de nada daqui abalei, distraio-me um bocado e quando venho à tasca do Ismael deparo-me com esta escrita do tempo do meu bisavô?
Até o L.O.L. veio a correr tirar-te o CHAPÉO!!
Se queres adotar o uso do novo AO, Ó rapaz...cá para mim tanto me faz, eu adoptei a minha forma de escrever e assim continuarei. Não será por isso que não te irei entender nem tu a mim.
Pois então te desejo do coração, que essa chamma que se te acendeu ilumine o caminho dos leitores até à Rua dos Correeiros e o Ismael Gúsman venda muitas pataniscas de bacalhau , copos de tinto e passarinhos fritos.
Para o que te havia de dar.
Prontes, tá bem...parabéns pelo post!
Agora cumprimenta-me com um beija-mão, que assim é que se cumprimentavam as damas.
Olá Janita,
EliminarEste post foi só um intervalo nos contos da tasca do Ismael Gúsman para dar uma folga ao inspetor Ismael Sacadura Cabral para que possa digerir bem o manuscrito da Francisca. Entretanto o Ismael Pereira anda a aprender umas novas músicas de fado, já que a sua especialidade é o fado tradicional e o chefe de brigada Ismael de Almeida continua a dar milho aos pombos no Rossio. O hoje em dia reformado dr. Ismael ben-Avraham vive no Algarve e ainda joga golfe, enquanto Ismaelix se aposentou da polícia judiciária e reside num lar de idosos na Quinta do Conde, onde sempre morou. Ishmail Baruchi morreu de velhice e o Espinheira agora dá palestras sobre antiguidade. O Constantino lê livros de histórias ao neto mas ainda não gosta de iscas.
Beijinhos e fica atenta aos novos episódios.
Bom fim de semana.
Oi Vitor
ResponderEliminarcomo sua leitora ocasional porque o tempo nem sempre coopera fiquei pensativa sobre essa "tyrania coloniall brasileira" de que falas.A lingua portuguesa é tanto minha como sua e de Camões .
Há sempre uma tentativa de unificar o que nao é possivel, recebemos um legado colonial e as circuntancias geográficas fizeram com que nos distanciássemos do português original ( até mesmo orientados pelos portugueses que aqui viveram),e apesar de algumas diferenças tipo concordância, sotaques e significados de algumas palavras (talvez muitas), nos entendemos muito bem, e pessoalmente , sou fã dessas diferenças. Não há melhor nem pior,cada povo tem a sua maneira de expressar e a Pátria é nossa mãe gentil ,nao é? se falamos brasileiro tanto faz ,o importante é que somos irmãos e nos respeitamos e adoro vir ler suas histórias .
Quanto a ter leitores, digo-te que pra blogar tem que haver reciprocidade, se vou a sua casa e nao vens na minha , fica esquecido, entendes? visibilidade é tudo por aqui rsrs
mas sei que seu texto é pura poesia , e poetas são chorosos mesmo.
deixo abraço brasileiro
Olá Lis,
EliminarNão fiquei com a certeza se a Lis entendeu exatamente o meu texto. Quando eu escrevi a "tyrannia collonial brasileira" (num caricato retorno ortográfico ao século XIX) não utilizei palavras minhas. Foi posto a correr na internet uma petição contra a aplicação do Acordo Ortográfico em Portugal utilizando essa mesma expressão. Não me pareceu, mas posso estar enganado, de que a Lis tenha entendido que o meu texto é exatamente uma oposição a esse conceito. Não sendo eu um defensor fervoroso do AO, considero que as línguas devem evoluir, daí este meu contraponto entre a forma como se escrevia no tempo de Eça de Queirós e hoje em dia. Faz já algum tempo que adotei a nova ortografia nos meus textos, contra à qual nada de especial me move na generalidade, mesmo tendo em conta que uma ou outra palavra poderia não ter forçosamente que ser modificada.
Quanto a visitar a tua casa, acho que tens razão. Eu leio mais de 50 blogs por dia o que faz com que uns dias eu leia uns e outros dias eu leia outros. Infelizmente o meu tempo não é infinito, mas digo-te desde já que o teu blog é um dos meus locais de prazer.
Um beijinho e bom fim de semana.
Pois muy me agrada sua escrita medieval nobre senhor e por mim ficareis descansado, porque continuarei a assistir na plateia a tão fermoso discurso.
ResponderEliminarBeijos
Manu
menino!! Deixou-me preocupadíssima! Sabe que só no fim me dei conta da escrita dos tempos da minha avó? ( bom, não exatamente, uma vez que minha avó era italiana e eu faço parte dos "tiranos a exercerem a escrita brasileira"...
ResponderEliminarDevo estar ficando velhíssima e pior: caquética!!
Bom, em todo caso, não se abale pelos poucos leitores. Credito a carência às redes sociais ( nas quais tb estou) e nos seus 100 e poucos caracteres permitidos...
Hoje tudo é curto e grosso. Mais grosso do que curto. E eu, definitivamente, não curto isso ;)
Boa escrita
ResponderEliminarHá dias assim
e porque não?
um dia falaremos por gestos
A cada um a sua ortografia
estou farto de modernices
impostas
Pela primeira vez na vida
estou de acordo com o Graça Moura
Oi Vitor
ResponderEliminar...e penso que Deus quando pensou nos hemisférios nos deixou a possibilidade de sentirmos aí em pleno inverno estando aqui no verão e talvez numa ou noutra ocasião não nos entendemos rsrs
desculpe aí amigo , é que já li tanto nessa resisténcia justa de mudanças na grafia e signifcado da língua portuguesa que imaginei fosse uma ironia calculada rsrs
sabe que aprecio-te e gosto muito da sua alma portuguesa e portando poética num linguajar especial e único que engrandece e encanta .
prossigamos nos olhando de longe , curtindo-nos sempre que esse implacável tempo permitir.
com um abraço
Pois amnigo Constantino... estes thempos não estam para ccócegas!
ResponderEliminarÉ difícil sim.
Vamos sobrevivendo... mas a extinção está à vista!!
Um abraço amigo.
Seja qual for o Acordo Ortográfico que escolher, Victor, as suas crónicas são de primeira água.
ResponderEliminarcom vossa licença, ousarei fazer meu o primeiro parágrafo.
ResponderEliminarSe viajasse pelo interior do Brasil, veria que não há acordo que alinhe o português e calculo, haja em Portugal, a mesma cepa de modus operandi da língua portuguesa. Portanto, não existe acordo que diga ao povo como fale, porém se vamos escrever conforme falamos, não entraremos em acordo jamais!
ResponderEliminarÉs genial...com acordo ou sem acordo só pelo fato de escreveres tal senhor de fato que lá por terras brasileiras será terno, deixo-te um abraço terno pelo fato de gostar do que leio :):):):)
ResponderEliminarUm abraço rapaz e escreve como entenderes:)
Nem tanto ao mar nem tanto á terra, quero dizer, o estilo "arcaico-antigo" obriga a tradutor...
ResponderEliminarComo eu me diverti com este seu texto. Falar sério, brincando, é o melhor remédio.
ResponderEliminarEste AO90, aqui tão sisudamente levado à letra,não está ainda em circulação (segundo dizem) do outro lado do mar...
É verdade, adorei a fotografia!
Um abraço,
Ah Vítor...ou será Victor?... que texto bem "caçado". Na verdade acho que só o tempo acalmará estas guerras ortográficas. :))
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