Quando tento escrever algo com mais sentido, coerência ou
até graça, não me sai nada da cabeça. É por isso que me socorro muitas vezes de
livros escritos há mais de duzentos anos, por autores completamente
desconhecidos do grande público, encontrados aqui e além em alfarrabistas
anónimos e lhes roubo meia dúzia de ideias, leio almanaques do primeiro quartel
do século XX com anedotas do Bocage e desfaço-as em contos e leio alguns livros
de filosofia para debitar umas frases com enfase e erudição. Costumam dizer os
críticos que o escritor fulano de tal sofre a influência do grande romance
realista queirosiano, ou que beltrano é um fruto do novelismo contestatário
camiliano, ou, ainda, que sicrano é mais um que seguiu a escola da poesia
parnasiana. Outros desenvolvem a sua escrita socorrendo-se por exemplo do
filósofo judeu sefardita Edgar Morin para construírem algo que se pareça fruto
de um pensamento complexo, mesmo que só fique bem na adjetivação da sua obra ou,
outros ainda, são tão lineares e racionais que, diriam os críticos com toda a
pompa e alguma circunstância, os seus romances, ensaios e ficções são mais
cartesianos que o próprio pensamento de Descartes. Pois eu, para além das dicas
sobre os truques que uso e que já foram supra referidas, antes que a crítica me
venha a classificar e englobar num qualquer grupo ou numa qualquer escola
literária, classifico-me a mim próprio, passe a redundância, como um homem de escrita
de influência predominantemente franciscana. E não me venham falar que de S.
Francisco de Assis não se conhecem obras escritas mas sim as mais variadas
biografias, que talvez eu estivesse a confundir-me com o padre António Vieira e
tal, mas aí já seria jesuíta. E como eu não lhes quereria responder apenas, pois! tenho, portanto, que esclarecer
que o meu franciscanismo não provém de nenhum santo ou padre mas sim do facto da
maioria da minha sustentação literária estar, última e praticamente, confinada
ao manuscrito de Francisca, esse sim, um compêndio escrito de alto a baixo, nas
margens e nos rodapés, profícuo em contos como os ”Contos das ilhas de lá”, em
novelas policiais como “O Dia da morte de uma bailarina”, cujo texto já é quase
todo do vosso conhecimento, em ficção
como “A chapa das notas de vinte paus”, já para não falar na série de contos “Na
taberna do galego”, onde eu me inspirei para que hoje em dia ande a escrever um
bloglivro. Também me inspiro nas suas
capacidades de biógrafa não autorizada, sendo que bebi muito na obra de
Francisca desde a biografia do “Dr. Nuno
Castro Ribeiro” subtitulada “proeminente
e honrado advogado de Vila Nova de Gaia”, à biografia da grande bailarina neoclássica
Ekatrina Smirnova, neta de um velho judeu russo, expulso pelo czar Nicolau II,
durante os famosos progroms passando
pela, de entre as mais importantes, obra biográfica e histórica “Fernandinha, a roliça beirã”, como ela mesmo
a intitulou. Desta inspiração franciscana poderão sair e deverão mesmo sair
mais alguns episódios de Ismael mas isto só será possível enquanto a taberna
estiver aberta, os clientes continuarem a cá vir, nem que seja comer um
pãozinho com cheiro, que coisa boa de comer e beber não irá faltar nesta tasca,
assim os governos no-lo permitam. Enquanto a Teresa, a Luísa, a Assíria, o
Rogério, a Janita, a Teté, a Margarida, o Eufrázio, o Manel, a Cida, a Manu, a
Eva, o Maceta, o Chuva, a Paula, o Carlos, a Piedade, a AvoGi, a Fatyly, a
Canto, a Justine, o Rafeiro, a Catarina, a Custódia, a Eva, a Lis, a Maray, o
Peras e tantas e tantos outros aqui entrarem, o negócio da taberna vai dando
para os trocos, não fechará a porta por falência e terão aqui alguém fortemente
inspirado pela manuscritora Francisca
a escrever para vocês.
E nesta tertúlia, que se reúne aqui pela tasca do meu amigo
Ismael ainda há tempo e apetite para uns croquetes de atum com arroz de pimentos
e um verde de Ponte de Lima. Alguém alinha?
Petiscos regados a vinho verde é comigo. Podes contar comigo aí na tasca!
ResponderEliminarA porta está aberta e a primeira rodada é por minha conta.
EliminarTu nem repitas o convite que cá o Manel já está aos saltos!!
ResponderEliminarAtão num bai?!
Ahh... bai...bai!!
Manel só há um, o Felix e mais nenhum!
EliminarClaro que eu alinho e já, Ó Constantino!
ResponderEliminarMas o Ismael vai ter que me arranjar uma garrafinha de verde Ponte de Lima adamado. Não gosto de vinhos verdes secos. Manias!
Nem precisavas de te preocupar com a globalização pela crítica, em nenhum grupo ou escola literária.
O teu estilo de escrita, mormente nesta fabulosa saga, não tem quaisquer precedentes.
És único e vais ficar nos anais da História romancista inventora, vai por mim!
Não será por falta de freguesia que o Ismael fechará a tasca. Se mais não for, aqui virão convergir todos os apreciadores de bons petiscos e queijos incuindo o de Serpa e também boas febras ( a começar pela Fernandinha).
Olha lá, antes que me esqueça, tens duas leitoras com o nome Eva?
É que eu - cusca até dizer chega - vi esse nome repetido. Tu vê-me lá isso, rapaz!
Cada vez ando mais intrigada com esse manuscrito...
Beijocas e abraços.
Janita era para parecerem mais. A Eva, na realidade não assina como Eva, mas eu sei que é a Eva :) Quanto ao queijo, estive este fim de semana em Serpa, na feira e gostei. Gosto muito de queijo e de cante :)
Eliminarbeijocas
Eu também sei Constantino...eu também sei!
EliminarSe não soubesse nem sequer tinha falado nisso.
Ahh, como tu menosprezas a minha inteligência...:(
Lá vai Serpa, lá vai Moura
Eliminare as Pias ficam no meio...
Ah não te falei.. e o vinho? hummmm
Possassssssssss pá, fiquei com fome e claro que alinho, mas amigo tens que me arranjar uma Coca-Cola ou um sumol de laranja:):):)
ResponderEliminare já pensaste o que seria todos nós à volta da lareira, desculpa à volta da mesa? é que ninguém se punha a "olhar para o teto" mas sim para o menúúúú:):)numa espera de afinal...quem deu as sete facadas? Com este post já lá vão duas...tu não me digas que temos esperar por mais cinco hehehehehehehe.
Adorei e obrigado. Nunca desistas, porque eu só desistirei se o Tio Gaspar levar-me ao ponto de ter de abdicar da internet:)
Isso do plágio e inspiração é um bocado subjectivo. É que na prática todos plagiamos o dicionário, já viste? As palavras estão todas lá dentro, nós só as ordenamos de forma diferente. E nunca digo que não a um verde de Ponte de Lima! Abraço!
ResponderEliminariso da cabeça já nao há remedio tens de aceitar que a idade pesa a todos
ResponderEliminarkis :=)
ah, e agradeço as dicas deixadas lá no sitio. fizeste-me rir
kis :=)
É claro que o guardador das vacas se alimenta dos pensamentos dos outros, das ideias magicadas por profícuos pensadores exímios executantes da escrita... pelo menos como se confessa.Tambem lhe digo que , apesar de ser capaz de pôr a claro o seu método de construção,a imaginação aqui não é escassa.
ResponderEliminarGostei que falasse da Fernandinha roliça supostamente boa e apetitosa... como já estou aguado vou-me aos pasteis de bacalhau.
abraço
voltei a reler e compreendi a ironia do "método" sem plágio...
ResponderEliminarCom IVA a 23% frequentar uma taberna é um luxo ao qual não me tenho permitido, mas neste caso a oferta da casa, tornou-se para mim uma tentação a que não resisti. Acaba portanto de ganhar uma nova cliente ao que parece a nº100 (será que dá desconto?)...Serei o mais assídua possível contribuindo para que mantenha este seu espaço de comércio tradicional de portas abertas...
ResponderEliminarParabéns!Gosto muito!*
Ai, que até me emocionei ao deparar com meu nome escrito em um texto com tanta inspiração!
ResponderEliminar:)
Acontece, que eu, nem roubando ideias, consigo escrever como tu!...rs
Quanto à imagem, bem hoje que eu estava pensando em não jantar, vou ter que comer alguma coisa (e rápido!), pois só de olhá-la, me deu uma fome danada!
Eu vou, mas volto. Me aguarde!
:)
Enquanto isso, seja feliz!
Grande abraço,
Cid@
Embora não sejam croquetes com arroz de pimentos que pareçam estar nesse tacho fumegante, eu cá alinho sempre, já sabes!
ResponderEliminarE que venham mais textos de inspiração franciscana, ou outra que entretanto te sirva de musa! :D
Beijocas!
Oxente, eu já cá estou, e nem se aperreie (mesmo o tempo sendo escasso), porque a boa leitura, um enredo bem articulado, o riso farto, petiscos e um bom vinho, aqui nunca faltarão e nem eu, ô Vítor Fernandes!
ResponderEliminarMas não apenas a explicação sobre 'seu estilo franciscano de escrever' é formidável, como também os outros e outras inspirações e influências na sua escrita, têm lugar. Mas fiquei pensando, em breve, num futuro não muito distante, alguém famoso, lançando seu primeiro romance, e já "best seller", responderá aos repórteres: "minha obra é de inspiração constantinense", será uma dupla glória, e nós aqui, seus leitores e frequentadores da tasca, nos orgulharemos e nos emocionaremos, tanto quanto aconteceu agorinha mesmo, ao ver nosso nome ali, na galeria dos famosos anônimos, seus seguidores!
Um beijo bem estalado na sua testa, e não é de tinto não, é de batom bem vermelho!
;))