Abra a boca menino. Era assim que ela lhe gritava, quase desumanamente, quando ele, sentado na cadeira de dentista, quase a vomitar cheiros de éteres e anestesias, de boca aberta, tremia de medo. A dentista, que para ele que ainda não tinha completado 12 anos de idade não passava de uma velha bruxa, de alicate em riste, puxava-lhe violentamente pelo dente, não sei se o de cima se o de baixo, pois que, pela greta da porta, não me consegui aperceber. Abra a boca menino, repetia ela, gritando ainda mais alto. Mas como é que ela queria que o garoto conseguisse manter-se de boca aberta se ela lhe levava atrás, queixada, cabeça e quiçá também o dente. Tenho a certeza que o garoto naquele momento, a mandou à merda. Mas de boca aberta seria tão difícil soletrá-lo quanto difícil seria que ela o entendesse. Depois, a dentista mandou-o cuspir para a tina onde um fio de água corria em permanência. Uma receita de antibiótico e, comida quente nem pensar. Pelo menos durante dois dias. Enquanto cuspia os restos do sangue ele imaginava-se já a correr para a sanita para regurgitar o creme de cenoura gelado ou aquela papa que a mãe tinha a vil mania de lhe fazer com pêra cozida e bolacha Maria. Toda a vida detestou os dentistas e, provavelmente por isso, nunca a Páscoa lhe foi simpática. Hoje, já sem dentes, ri-se por detrás das memórias enquanto chupa uma amêndoa tipo francês.
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Bonito
ResponderEliminarGostei de recordar este dentista
um beijo
Excelente imaginação. Excelente texto!
ResponderEliminarMuitas amêndoas..
Um Beijinho
da
Assiria
Chegando pra conhecer e ja adorando
ResponderEliminaro primeiro texto.
Espero que passe
em um dos meus
espaços pra conhecer
minha escrita, sera um
interessante
intercambio.
Bjins entre sonhos e delirios
E não precisa publicar so tomar conhecimento e se publicar tambem não tem problemas
ResponderEliminarPra não ficar perdido
esses são meus endereços de blogs:
http://reflexodalma.blogspot.com/ poesia
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Pronto
rsrs
Quantas pessoas não sentem pavor de dentista?
ResponderEliminarMas confesso-te que ao fim da leitura da sua narrativa eu estava rindo também, solidária com aquele menino que hoje cultiva suas memórias e risos sem dentes, em dias de páscoa!
Obrigada pela ida ao Canto, prazer em sabê-lo e lê-lo!
;)
Revivi o terror da ida ao dentista na minha infância e adolescência!
ResponderEliminarEra de fugir!!!
...duvido que existe uma criança
ResponderEliminarque tenha enfrentado a cadeira
de um dentista sem aquele
friozinho na barriga.
gostoso te ler...
obrigada tbm pela visita
em meu canto.
bjs
Belo texto. Atá hoje ainda temo os dentistas.
ResponderEliminarMenino, atualmente quem tem sofrido com dentista é o meu menorzinho com aparelho ortodôntico. Um dia ele ainda vai escrever coisa parecida e, quem sabe, rir enquanto "mastiga" a sua amêndoa. Mas por aqui vai ser mais fácil - na Páscoa é só chocolate e, nessa altura do campeonato, bem derretido. :)
ResponderEliminarbeijocas
os dentistas de hoje já nao nos metem medo.
ResponderEliminarmas confesso que ainda sinto um pouco de receio.
as amendoas prefiro as de chocolate.
uma boa páscoa e um
beij
Um texto instigante !
ResponderEliminarUm abraço
Olá, Constantino,
ResponderEliminarGostaria de convidar você para as comemorações do segundo aniversário do blog Jazz + Bossa + Baratos Outros:
www.ericocordeiro.blogspot.com
Um fraterno abraço!
Que arrepio! era mesmo assim o terror do dentista...
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