Não tenho por costume dizer, quando conto histórias, que isto que vos estou a contar é verdade, ou jurar pela minha querida saudinha que ninguém é mais verdadeiro do que eu, nem tão pouco bater com a mão direita três vezes no peito, mas que ele há coisas que até parecem mentira, lá isso há. Pois bem aquilo que vos vou contar a seguir, juro pela minha saúde que é verdade e, lá virá o tempo em que a tecnologia o permitirá, por agora vocês não veem, mas eu estou a bater com a mão direita no peito. Três vezes.
Seriam umas três para quatro da tarde, não posso precisar pois a luz ambiente era fluorescente e não se descortinava a luz do dia quando, por erro meu e falta de prática, deixei cair uma chave francesa com que trabalhava, lá em cima no desaerificador da casa da máquina. Pimba, catrapimba, pimba, pum, a chave a varrer os varandins dos vários pisos e a estatelar-se num passadiço, quatro andares mais a baixo. Segui o seu percurso com os olhos, mas não fui eu que a desviei. Só pode ter sido a Providência Divina, pois que naquele dia e àquela hora, um marinheiro que passava a centímetros e eu por consequência, foi como se tivéssemos renascido. Juro pela minha saúde como isto é verdade.
À hora do jantar, eu ainda estava lívido. É verdade que das setenta e duas horas consecutivas que iria trabalhar devido a uma arreliadora avaria a bordo, já tinham decorrido umas cinquenta sem pregar olho, o que não dá boa cara a ninguém, mas aquela era tão estranha que não passou despercebida a nenhum dos meus companheiros. Contei- lhes então o episódio acima relatado não sem uma ponta de emoção. Na verdade nem eu conhecia o marinheiro, nem ele me conhecia a mim, para poder ter qualquer tipo de qui-pro-quo com o indivíduo. Foi um acidente (incidente?) mas isso poderia acontecer a qualquer um.
Seriam umas três para quatro da tarde, não posso precisar pois a luz ambiente era fluorescente e não se descortinava a luz do dia quando, por erro meu e falta de prática, deixei cair uma chave francesa com que trabalhava, lá em cima no desaerificador da casa da máquina. Pimba, catrapimba, pimba, pum, a chave a varrer os varandins dos vários pisos e a estatelar-se num passadiço, quatro andares mais a baixo. Segui o seu percurso com os olhos, mas não fui eu que a desviei. Só pode ter sido a Providência Divina, pois que naquele dia e àquela hora, um marinheiro que passava a centímetros e eu por consequência, foi como se tivéssemos renascido. Juro pela minha saúde como isto é verdade.
À hora do jantar, eu ainda estava lívido. É verdade que das setenta e duas horas consecutivas que iria trabalhar devido a uma arreliadora avaria a bordo, já tinham decorrido umas cinquenta sem pregar olho, o que não dá boa cara a ninguém, mas aquela era tão estranha que não passou despercebida a nenhum dos meus companheiros. Contei- lhes então o episódio acima relatado não sem uma ponta de emoção. Na verdade nem eu conhecia o marinheiro, nem ele me conhecia a mim, para poder ter qualquer tipo de qui-pro-quo com o indivíduo. Foi um acidente (incidente?) mas isso poderia acontecer a qualquer um.
Quando acabei de contar aos que comigo estavam na sala, um marinheiro presente pediu autorização ao comandante para usar da palavra e retirou a queixa que tinha acabado de fazer por tentativa de homicídio. Não voltei a ver este tripulante na minha vida. Também, não tenho vontade. A história não se repete duas vezes. E nunca sabemos quais são os desígnios da dita.
Caramba. Agora vou eu contar um episódio também verdadeiro que se passou comigo. Toda a minha vida morei num 4º andar com uma espaçosa varanda. Tinha eu uns 14 ou 15 anos (a idade é que não posso precisar) quando deixei cair um pião no terraço do rés do chão mesmo em cima da cadeira VAZIA onde costumava sentar-se a Lúcia (uma senhora que actualmente já não se encontra no mundo dos vivos). Quis a Divina Providência que ela não estivesse sentada na cadeira nesse dia. Senão acho que teria passado a minha infância numa Casa de Correcção. Ele há coisas...
ResponderEliminarVerdade, verdadinha, esse deve ser dos maiores sustos que acontecem na vida de alguém! Vá que felizmente acabou em bem... :)
ResponderEliminarBeijocas!
É por estas e por outras que não acredito em juras!
ResponderEliminarEntão uma chave...francesa? Eu conheço é chaves inglesas!
E mesmo assim, por muitos pimbas e catrapimbas a cair dum 4º andar, ai não...o pião é que caiu do 4º andar.
Confusão...afinal a chave caiu na tola no marinheiro, ou não?
Amanhã venho cá ler isto melhor.
ahahah você é engraçada, Janita!Pelo que entendi a chave desviou de rumo inexplicavelmente. Sorte do marujo! Boa história, Vitor!
ResponderEliminarEu tou rindo de tudo, da história e dos comentários, esses confesso, são também deliciosos de ler, são a extensão da sua prosa, Vítor Fernandes.
ResponderEliminarNão estou vendo, mas imagino-te com a mão esquerda (ou seria direita?) sobre a bíblia e jurando falar a verdade, nada mais que a verdade, somente a verdade....
;)))
Que coincidência!
ResponderEliminarSe mudares a nacionalidade à chave para fazer a vontade à Janita, eu juro que nunca mais aqui venho.
ResponderEliminarCaramba! Agora, até eu me arrepiei, quanto mais vocês os dois, os intervenientes...
ResponderEliminar:)
Gosto. Gosto de Te ler PROSISTA NOTÁVEL..! Ah..!!
ResponderEliminarConfusos???? Let's look at a trailler... http://www.google.pt/search?hl=pt-PT&sugexp=kjrmc&cp=9&gs_id=12&xhr=t&q=chave+francesa&gs_sm=&gs_upl=&bav=on.2,or.r_gc.r_pw.r_cp.,cf.osb&biw=1280&bih=699&um=1&ie=UTF-8&tbm=isch&source=og&sa=N&tab=wi
ResponderEliminarainda ficaram mais confusos?????
Confusa...eu?
ResponderEliminarEntão, eu lá sou mulher para me deixar confundir com ferramentas?
Constantino...let`s look at a trailler:
"Há mais marés que marinheiros"
-----------------------------------------------
Minha querida Anamaria, vc não conhece o pessoal europeu...portugueses e franceses, então... - se eles não se melindrassem diria que são o piorio, assim não digo - por isso não acredite em tudo.
Porque razão o marujo teria apresentado queixa por tentativa de homicídio, se a Divina Providência tivesse desviado o rumo da CHAVE FRANCESA / INGLESA...?
Saíste-me um vaidoso!!!
ResponderEliminarPorque não usavas uma chave portuguesa??!!
Se a chave fosse alentejana parava a meio do caminho para fazer uma sesta e quando chegasse ao fundo da casa das maquinas já o marinheiro estava a dormir.
ResponderEliminarTás a ver como o que é nacional é que é bom!
Constantino...sem querer ter nenhum tipo de
ResponderEliminarqui-pro-quo com esses seus prezados comentaristas que dão pelo nome: Francês Chauvinista e Zé Boleta, perdão, Bolota Biscoito,- que algo me diz, serem uma e a mesma pessoa- gostaria, no entanto, de chegar à fala com eles. ( amistosamente, claro)
Como hei-de fazer?
Osculo-o em agradecimento.
Janita
@Janita,
ResponderEliminaraceito prazenteiro o ósculo e correspondo de igual trejeito.
Cumpre-me o penoso dever de a informar que por meu direto conhecimento não a poderei ajudar no pedido. No entanto penso que aqui fica o repto que os contendores poderão ou não aceitar.
é das tais coincidências que a ciência não explica. Deves ter apanhado um cagaço e peras e o filha da mãe do teu colega devia era levar com ela em cheio que atordoado nem saberia a razão!
ResponderEliminarMas na continuação dos comentários que me fizeram rir à gargalhada eu diria outra, excelente:
- porque não uma chinesa? é que no "Pimba, catrapimba, pimba, pum, a chave" ia-se partindo e o caramelo que já te tinha feito a folha nem tinha dado por nada!!!
Excelente post...e eu também tenho algumas dessas...sustos que apanhamos vindos do nada:)
Já me ri com as juras, com a chave francesa que eu nunca ouvi falar, do milagre do desvio providencial da chave na sua trajectória que poderia ser fatal, não fosse uma mão divina desviar a rota e dos comentários fantásticos que pessoas com sentido de humor aqui vão deixando.
ResponderEliminarSó uma coisa me deixou intrigada...por que será que o dito marujo apresentou queixa? Histórias de suspense e mistério sempre me surpreenderam e esta foi uma delas.
Manu
@Manu,
ResponderEliminaresta história, como é que hei-de dizer, é real, pronto. Por isso, vi-me obrigado a resumir e a omitir algum contexto. Percebeu? Se calhar não, LOL.
Só pode ter sido mesmo a providência Divina!
ResponderEliminar:)
Mas, Vítor, jurar pela saúde???
Eu não teria essa sua coragem!...rs
E sabe porque é que você nunca mais voltou a ver esse tripulante na vida?
Porque ele deve fugir de você mais que o demo da Cruz! :)))
Beijinhos pra você, amigo.
Tenha um feliz domingo.
Cid@
Vitor
ResponderEliminarRir com certeza é o melhor remédio e aqui começando pelo texto aos comentários tudo vira piada . As reações ao seu inocente conto que nem jurando pela sua sáude é respeitado , faz de voce um adorável desacreditado.
Ou prestas mais atenção aos detalhes ou sei não Vitor tudo vai virar conto de pescador de ribeiras ... rs
Adorei, voce é ótimo!!
um abraço brasileiro
Foi por uma unha negra. Mais um pouco e o marujo tinha tirado um curso acelerado de francês por correspondência ahahahah.
ResponderEliminarAinda há quem não acredite no destino... aquela chave não lhe estava destinada loool
Olá Constantino,
ResponderEliminarespero que o mau tempo também o tenha feito ficar por casa comodamente instalado, no sofá, de pantufas e roupão.
É que venho fazer-lhe um pedido e gostaria de o ver satisfeito, ainda hoje.
Acho que a sua resposta ao meu anterior pedido intimidou o Francês e o Alentejano!
Então vai chamar-lhes CONTENDORES...?
Das duas uma: ou eles se ofenderam pensando estar a chamar-lhes contentores ou ficaram assustados temendo perder a contenda.
Corrija, por favor, essa palavra porque eu deixei bem claro que o nosso bate-papo ( ando a aprender brasileiro) iria ser amistoso.
Espero a sua melhor compreensão para este meu empenhado pedido.
Janita
Estas coisas acontecem rs, gostei do blog
ResponderEliminarUm abraço e obrigado por visitar o clube dos novos autores.
Amandio Relações publicas
http://clubnovosautores.blogspot.com/
Boa tarde
Olá
ResponderEliminarVerdade..verdadinha que a "história" não é a tua imaginação prodigiosa???
Uma dúvida?
O tripulante viu-te???
Apresentou queixa contra quem???
Adorei o texto!
Bjs.
@Janita
ResponderEliminare porque não um duelo, com capa, espada e padrinhos? Bom neste caso seria um trielo.
e caso para se dizer, que nem tudo o que vem de cima e bom
ResponderEliminarBjinhos
Paula
Gostei da foto. Espectacular.
ResponderEliminarAcidentes são coisas normais ou anormais?
Uma história com um final feliz. Emocionante.
Vou seguir estes traços.