Os amigos não compreendiam bem porquê mas a
esplanada que ele sempre escolhia em cada final de manhã era a de um pequeno
café que ficava mesmo em frente à cabeleireira lá do bairro. Era ali que tomava
a bica, umas vezes acompanhando com um pastel de nata, outras com uma queijada
de laranja, que a D. Bina, a dona, gabava de ser a melhor em todos os cafés e
pastelarias das redondezas.
Carolina abrira o salão já lá iam uns quinze anos.
E se logo desde o princípio a clientela era maior do que a capacidade instalada,
as condições atuais do país estavam a definhar o negócio. Carolina não se
deixou abater e embora cada vez deixasse mais felizes as suas clientes e os
seus clientes, o número dos que transpunham as portas do bem iluminado Salão
Carol era agora muito reduzido. Para tentar mitigar os danos ela própria se
entretinha em casa a criar penteados, desenhando em blocos de esquiço as
criações mais exóticas. Comparar os penteados que Ronaldinho, o fenómeno, usou
no Mundial da Coreia e Japão, que o Simão usava no Benfica ou que Ronaldo apresenta
cada semana em campo com os que ela desenhava nas cabeças dos clientes era de
fazer chorar qualquer garoto com a mania das imitações. Alguns deles, depois de
verem os amigos a sair do salão da Carolina, chegavam a casa a chorar com
vergonha de usarem cabelo à Raul Meireles. E das mulheres nem se fala. Beyoncé
roeria as longas unhas até ao sabugo se visse os penteados que Carolina fazia
às mulatinhas lá do bairro. Jennifer Lopez exigiria que Carolina chefiasse a
equipa de cabeleireiros de qualquer produção onde entrasse e a própria Gisele
Bündchen, era garantido, voltaria a ser considerada a modelo mais bonita do
mundo e quiçá de novo a mais bem paga, se alguma vez tivesse frequentado o
salão de Carolina.
Não admirava portanto que ele passasse o seu tempo
na esplanada em frente ao salão. O negócio corria mal a todos, o dinheiro
escasseava cada vez mais e ele não podia querer ser apenas o namorado da
cabeleireira, era forçoso que se tornasse seu sócio. E aproveitando a sua
figura masculina, como que acabada de sair de uma academia de modelação
corporal, não lhe era difícil dar em cima das clientes de Carolina. Depois era
só levá-las para o quarto e despenteá-las.
Desilusão...
ResponderEliminarjulga vir encontrar aqui
um modelo de negócio
que salvasse a nação.
Acho que a concorrência é forte
Quase todo o salão tem tal sorte
:))
Pois ainda não sou suficientemente criativo. Mas vou propôr uma que parece que nunca ninguém propôs: exportar pasteis de nata :)
EliminarA brincar que o digas, empreendedorismo desse tipo e quejandos é o que mais deve abundar por aí. Um faz e o outro desfaz, para o primeiro voltar a refazer!:)
ResponderEliminarEssa foto é algum penteado que a Carolina tenha praticado em casa? Estou farta de mirar e remirar essa coisa e nem pela forma, nem pelo "conteúdo" consigo identificar esse desenho.
Gosto destes minis...mas nem mesmo aqui tu deixas de ir buscar as fulanas do jet7?
A D. Micá já declarou a insolvência, ou quê?:)
Não te esqueças de me explicar que desenho é esse, Constantino.
Beijinhos!:)
É uma flor minha querida. Um jarro.
EliminarA D. Micá está de sabática. Por agora dedicou-se à pesca. Talvez regresse depois do Verão. Está muito calor para serões à lareira.
Beijocas.
:))
EliminarTens sempre resposta pronta para tudo! Eheheheh
Tá bem, é um cruzamento de jarrão chinês com tromba de elefante! De flor não lhe encontro parecenças!:)
Beijocas.
Um despenteia o outro penteia...
ResponderEliminarUma sociedade assim, é dinheiro em caixa!
Gostei do conto, Vítor.
Beijo :)
Os tipos eram espertos. E ela não se importava nada com os desvios do namorado. Antes pelo contrário.
EliminarO tipo nunca poderia ser um Cavaco
ResponderEliminarque desde menino ainda hoje não deixou
de fazer buracos em terra alheia
Mas que namorado tão altruísta!
ResponderEliminaresperto! com olho para os negócios ;)
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