Dizem que o bulling, não sei se é assim que se escreve, é uma atitude das crianças e adolescentes de agora que, por maldade ou por inveja, decidem assediar quer moral, quer fisicamente colegas da mesma escola, por vezes da mesma sala e às vezes até vizinhos que sempre se deram bem antes da dinâmica de grupo os ter feito alinhar e transformar o colega, por vezes, num saco de pancada. O bulling tem de ser combatido pela sociedade, seja pela sociedade civil com uma maior intervenção dos pais (e, quiçá, a educação dos mesmos), seja pelas autoridades quando isso se justificar.
Mas o bulling não é uma coisa de agora. Apenas está mais mediatizada. Lembro-me perfeitamente do nome dele e também da sua figura física e rosto, pois fomos vizinhos e amigos de infância. Vou chamar-lhe Hélder, um nome inventado para uma história absolutamente verídica. O Hélder era assim como que o maior totó da minha criancice. E se as crianças hoje são vítimas de bulling ou porque são gordos, ou porque são génios, ou porque não alinham em cenas patetas e indignas, convenhamos que se fica mais à mão de semear dos agentes provocadores quando se é um perfeito totó.
A D. Constância era uma boa mãe. O Hélder ia sempre para a escola de batinha branca como se usava na época, a pasta dos livros ao tiracolo e uma lancheira bem recheada. O lanche do Hélder era dos melhores daquele tempo, onde nunca lhe faltava uma sandes de ovo, uma peça de fruta e até, por vezes, um chocolate. O Hélder até já tinha caneta de tinta permanente em vez do velhinho aparo. Quer dizer, tinha durante um dia ou dois pois se não lha roubavam, convenciam-no a dar. E com o lanche era a mesma coisa. Coitado do Hélder que nunca comia o lanche que a mãe lhe arranjava. Às vezes, com as lágrimas nos olhos e a dizer se a minha sabe mata-me de porrada, lá estavam os outros a assediarem-lhe a lancheira. Mas certo dia, o Hélder não perdeu tudo. Os gajos tinham-lhe dado uma pedrinha da sorte. Fechas bem esta pedra na mão, Hélder e, enquanto a tiveres bem fechada na mão, ninguém te faz mal nem ninguém te bate nem mesmo a tua mãe.
E lá estava o nosso Hélder, regressado a casa, de mão bem fechada protegendo a pedra, confessando à mãe que tinha ficado sem lanche, enquanto D. Constância lhe pegava num braço e lhe dava uns fortes açoites por ele ser tão totó, ele ria, esquivava o rabo curvando a espinha e gritava bem alto para quem o queria ouvir que enquanto tivesse aquela pedrinha na mão, ninguém lhe batia, ninguém lhe podia fazer mal. E repetia e repetia e repetia ao ritmo de cada nalgada.
Assim já é ser totó demais. Fónix.
ResponderEliminarO poder da mente tem muita força.
ResponderEliminarTenho que arranjar uma pedra... ;P
Ora aí está uma nova palavra para designar "português": Helder!
ResponderEliminarDidas (que nunca consigo registar-me nesta coisa, arre!)
...aqui estou nesta posição tipo "gauche" de olhos em pirilampo deliciada..
ResponderEliminarApetece-me mais...
Beijinho e boa Semana
Assiria
Pobre Helder..um santo ingénuo e totó.
ResponderEliminarPena eu não não ter uma pedrinha da sorte para me livrar de um outro Helder, que não era nada totó e atirar-lhe com o pedregulho à cabeça..eheheh
Bela história
Manu
Aposto que ainda hoje, quando vai à inspecção das finanças ou do carro, leva a tal pedrinha. Mas sim, o bulling sempre existiu. No meu caso parou quando consegui vergar o cabrão que me aterrorizava os intervalos. Não foi bonito (tive de lhe arrancar umas mãos cheias de cabelos), mas foi eficaz. Abraço!
ResponderEliminarO bullying é tão antigo quanto a história... o nome é que mudou!
ResponderEliminaresse negócio de bullying ( também não sei como se escreve) sempre existiu, sim. Eu usei óculos desde os 12 anos e sempre fui chamada de 4 olhos. Mas não me irritava. Achava que as crianças que faziam isso eram "sem educação". E eu, educadamente, mostrava-lhes a língua...
ResponderEliminarOs nomes mudam, mas criança continua igual. O que acho muito diferente é que as noções básicas de educação hoje são dadas na escola, uma vez que os pais trabalham os dois. E o que vemos são adultos sem a menor noção. Não chamo de bulling ( que continuo não sabendo escrever) mas de falta de educação, sempre.
E, antes que me esqueça, àqueles que me azucrinavam de criança, quatro olhos é a vó!!!
bjs
Quanto mais me bates mais eu gosto de ti mamã!! eheheh
ResponderEliminarQuando o tema fazia notícias de primeira página nos jornais, também escrevi um post em que defendia a mesma tese: o bullying é tão velho quanto o tempo...
ResponderEliminarObrigado pela visita ao CR em dia de aniversário. Tentarei manter a força na caneta, mas procurarei não ser tão massacrante para os meus leitores, reduzindo o número de posts políticos. Pelo menos vou tentar...
É verdade que o bullying não é cena de agora, sempre existiu! O problema talvez seja a maior violência das agressões actuais, porque a humilhação aos pobres desgraçados que calhavam na "rifa" era idêntica...
ResponderEliminarDito isto, acho que todos nós vamos arranjando uma "pedrinha da sorte" para ultrapassar essas e outras dificuldades... :)
Beijocas!
Pois é, "no meu tempo", resolvíamos o bullying, na hora, ali no pátio da escola... E nem tinha esse nome.
ResponderEliminarEste tipo violência é mais antiga que eu sei lá, e há tantos e tantas "Helder". Eu era fresca mas praticava o bylling de outra forma...ai dos fortes/queques/poderosos(as) quando sabia e ouvia a queixa de um "Helder". Purrada neles e perdi a conta às palmatórias (menina dos 7 olhos) que levei por parte do director da escola e da minha mãe:)
ResponderEliminarMas nunca mais faziam o mesmo.
Até a minha filha, hoje com 30, por ser tão pequenina era insultada por um menino e uma menina até ao dia em que a mostarda chegou ao meu nariz...e à saída apanhei-os...e enquanto falava com eles apareceram os pais que ficaram a par da situação e totalmente estupefactos, digo-te meu amigo, custou-me ver os "cascudos bem duros" que foram levando um pelo caminho e outro até ao carro. Nunca mais!
Adorei e nunca é demais estarmos atentos ao "silêncio" dos inocentes, quer sejam nossos, quer não...
Abraços
Olá Amigo Vitor Constantino!
ResponderEliminar( nem imagina o quanto gosto de o chamar assim)
Pois esta história verídica deixou-me com uma lágrima ao canto do olho. E olhe que não estou a brincar!
Não importa o nome inglesado que agora lhe queiram dar, mas a crueldade infantil é algo que sempre me impressionou bastante.
Felizmente, nunca tive desses problemas. Fui sempre muito aguerrida e ai daquele/a que me pusesse a pata em cima...
Essa palavra totó nunca me caíu bem. Que culpa tem uma criança se não estiver na sua índole, ser agressiva ou ter a coragem suficiente para se defender?
No caso do Hélder, foi a sua boa fé que me emocionou. Sabe que aí até me identifiquei um pouco com ele?
Quando acreditamos piamente em algo, a nossa fé é tão grande que nem sentimos a dor...
Constantino, gostei muito de voltar ao seu convívio e aos seus interessantes textos.
Sabe? Tenho uma foto muito gira num lago lá no Englischer Garten, onde um ganso saíu da água e veio em direcção a mim. Claro, pus-lhe logo o nome de Constantino, para grande espanto do meu neto Júnior...
Beijinhos
Janita
Coitado do miúdo... :) bela pequena história. E quando é o governo a praticar bulying, que nome se dá? Abraço
ResponderEliminarVitor, será que foi novamente de férias?
ResponderEliminarComeço a ficar seriamente preocupada com o seu silêncio e ausência da blogo.
Espero que não tenha havido nenhum problema sério, consigo ou com qualquer dos seus familiares.
Quando puder diga algo.
Janita
Algo!
ResponderEliminarahahahah... e não é que disse mesmo?!?
ResponderEliminar...obrigadinha!!
Eu sofria por causa das sardas.Zoavam tanto de mim que teve uma epoca que nao queria ir mais para escola.As criancas sabem ser bem crueis!!!
ResponderEliminarDesculpe-me a falta dos acentos.
Uma rela!
ResponderEliminarAinda não há muito tempo vi uma, na Natureza, por aqui...
Cordiais saudações.