quinta-feira, 7 de julho de 2011

50. Central Park



O Sol debitava azul sobre o verde do parque. Ao longe um frondoso arvoredo encimava um extenso lago que irradiava, entre reflexos de altos edifícios e círculos ondulantes, que a queda do repuxo construía, os fios maravilha que da grande estrela emanavam. Uma jovem negra fazia malabarismos com arcos, bolas e massas preparando as suas próprias olimpíadas e uma banda de saxofones e trompetes ensaiava uns acordes de R&B. Uma mãe corria empurrando com uma mão o carro de bebé, com os phones bem colados ao ouvido, talvez ao som de Michael  Jackson ou de Shakira, enquanto na outra mão empunhava um romance de Malcom Gladwell numa edição de capa dura, talvez da Time Inc,  enquanto, no outro lado da rua e por debaixo da Greyshot Arch Bridge , outras mamãs se dedicavam ao seu pilatos, step ou simplesmente posture também elas munidas de carrinhos de bebé e devidamente instruídas, por um group e competente trainer. Indiferentes, os esquilos comiam nozes. Num moderno museu ali ao pé, equilibristas da modernidade caminhavam entre teias de canas ou varapaus num desequilíbrio compensado. Num banco de jardim, um casal esperava outro e seguiam os quatro como se naquela imensidão o acaso os tivesse feito encontrar. O parque enchia-se de jovens e outros menos jovens, transportando sacos de papel da Food & Co., picnicando e aproveitando os sons dos últimos arco-íris daquele final de verão. Indiferentes às teias que o subway tece, ao ruído dos carris fustigados pelo ferro dos rodados, rodavam bicicletas de crianças e passeavam os shorts mulheres atreladas a cães. Um grupo de saudosistas dos bons velhos tempos imaginavam John Lenon como se estivessem num campo de morangos ou como se Lucy tivesse subido ao céu coberta de diamantes. E enquanto o homem do contrabaixo e o jazzbandista acompanhavam o sax e uma guitarra no som do velho Pat Matheney, recordando passados junto a um obelisco de outros tempos, o tempo corria para frente e um homem corria para trás.

Texto e foto (Central Park – Imagine) do autor. Todos os direitos reservados.

15 comentários:

  1. Bahhh...

    Nova York é a "Torre de Babel" da modernidade...

    Gostei de seu texto. Conseguistes transmitir de forma exata essa miscelânea de culturas...

    Bj

    Tânia

    PS.: Adorei imaginar o grupo saudosista discutindo se Lucy subiu ao céu coberta de diamantes! Rsrsrs...

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  2. :)))Corro sempre para trás no dia 8 de Dezembro... nem sei bem porquê, mas acontece-me todos os anos. I IMAGINE, it's because I miss myself then... and the world then...

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  3. A descrição perfeita de momentos que vivi há dois anos atrás, precisamente neste lugar.
    Recordei os sons, os olhares. os gestos, as carruagens puxadas por cavalos conduzindo turistas e claro "Imagine"

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  4. muito bom, Constantino! e o final bem interessante!

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  5. Pat Matiney ou Pat Metheny???? É que tenho todos os CD's deste grande guitarrista de jazz. Talvez o melhor de todos os tempos, na minha opinião, claro. :)

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  6. Neste momento nem Central Park me seduziria!
    Quiçá algo mais bucólico como, por exemplo, as margens do Guadiana.:))
    De qualquer modo, sem nada perder nem procurar:
    muito bom, como diz a minha querida Anamaria, como sempre... eu acrescentaria.
    See you later - tenha um Bom Dia.

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  7. LOL, Pat Matheney com certeza. Sabes acabei por aplicar o acordo ortográfico e escrevi como digo lol. Vou já emendar, obrigado.

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  8. correr para a frente consigo agora pra trás nao consigo e olha que estive aqui em pé na correria a ver se consegui antes de escriturar este comento
    kis .=)

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  9. da última vez que lá estive o retrato era mais ou menos como descreve, até mesmo o pormenor dos roedores...

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  10. Bela descrição!
    E é verdade... o tempo corre sempre ao nosso arrepio!

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  11. Fantástica descrição e quem já lá foi tem vontade de lá voltar.

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  12. Que viagem!!!

    Belíssima descrição!

    Não canso de dizer, que gosto demais de te ler!
    :)

    Te desejo um belo final de domingo, e uma muito feliz semana.

    Abraço enorme,

    Cid@

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  13. Lê-se e fica-se com a sensação de estar lá, no Central Park, onde nunca estive, com muita pena minha xD.

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