Foi um jogo histórico. Era o último
jogo da fase de grupos e bastava-nos uma vitória. Qualquer que fosse o
resultado pois 1 a 0 já era o suficiente e seguiríamos em frente. Era o nosso
último ano no Técnico e nunca a nossa equipa tinha passado em primeiro lugar a
fase de grupos. Era aquela a nossa grande chance e logo contra, se não a mais
fraca, uma das mais fracas equipas do torneio. Tínhamos ganho, até com surpresa,
a
Providência Divina, nunca ouviste falar? Parece que não…
a outras que não esperávamos, mas
naquela altura até jogávamos bem, tínhamos uma boa linha. Começamos logo a
carregar. Alugávamos o nosso meio campo nem que fosse para fazer uma feira.
nunca
se saíram bem os vendilhões do Templo…
Os tipos nem tocavam na redondinha.
As oportunidades surgiam atrás de oportunidades e o golo estava eminente. A
confiança era enorme. O nosso guarda-redes era um mero espectador.
!fia-te
na Virgem, fia-te na Virgem e não corras e vais ver onde vais parar!
Fizemos deles gato-sapato até que,
uma bola perdida, um pontapé para a frente apanhando-nos em contrapé e toma lá
que é para aprenderes,
eu
não digo, eu não digo?...
os gajos marcam um golo. Estávamos a
perder por um a zero mas isso não nos afetou o ânimo.
isso
dizes tu. Faço ideia a tremedeira que por lá ia…
Em cada bola que chutávamos parecíamos
querer explodir num tremendo grito de golo. Mas a bola teimava em queimar os
postes ou o guarda-redes deles defendia tudo e quando não era ele a defender as
bolas bateriam num defesa.
-
E agora já acreditas na Providência Divina?
-
Eu nunca deixei de acreditar…
-
Ah não?
-
Não. Só não percebo ainda porque é que fomos desprotegidos!
Até que às tantas, penalti! Penalti a
nosso favor, ainda havia tempo. A segunda-parte tinha começado agora mesmo. A
recuperação era possível. O Jorge foi marcar e… falhou.
entraram
em campo sobranceiros, só podia ser. Sabes o que é humildade?
Deceção total. Tinha sido naquele
momento ou nunca. Qual nunca, qual quê!
-
Neste aspeto tens razão. A esperança é sempre a última a morrer
-Deixas-me
acabar a história, ou não?
-
Acaba lá. Mas olha que estou com um mau pressentimento
-
És um agoiro!
Vamos mas é ganhar isto! Vamos? E
continuamos a mandar bolas aos postes, outras salvas in extremis, o tempo a passar e acabamos o jogo perdendo por um a
zero. Caímos exaustos no chão. Foi ali o meu último jogo num torneio interno do
Técnico. Era o meu 5º ano e algumas semanas mais tarde terminaria o curso.