Joga
sempre, escolhe a equipa, é o capitão, nunca vai à baliza, decide quando é que
é penalti ou não, se a bola está fora ou segue jogo, se a bola foi “altas”,
isto é, por cima da barra imaginária da baliza e se não ganha… amua. Da próxima
vez não escolhe aquela abécula do Pernas para ir à baliza, é alto, mas é um
frangueiro do caraças e o Cara-de-Velho não volta a jogar na equipa dele porque
é um foção, não passa a bola a ninguém. O dono da bola chega a fazer regras
para ganhar legalmente.
O dono da bola, depois de lavar os dentes, vai para a
cama e já com o pijama novo vestido, que a tia que mora no Cristo-Rei lhe
ofereceu no Natal, reza a oração que avó lhe ensinou “Ó meu Anjo da Guarda,
minha companhia, guardai minha alma, de noite e de dia. Com Deus me deito, com
Deus me levanto, que seja na Graça do Espírito Santo. Ámen!” e depois, num
murmúrio envergonhado, pede baixinho ao Anjo da Guarda para que não apareça
mais ninguém que também tenha uma bola de catechu. É que ele não quer, por nada,
ir à baliza.
Vítor, invejo a tua capacidade de conseguir tempo para me fazeres rir, para seres avó e criares alegria em quem te rodeia. Um grande abraço.
ResponderEliminarObrigado Rosa. É para mim uma honra ser lido por ti. Um abraço.
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