segunda-feira, 9 de maio de 2016

225. Os três planetinhas e o meteorito mau



Para o meu neto Daniel que faz 5 anos no próximo dia 12, uma adaptação livre da conhecida história dos Três porquinhos. Ele que é um admirador do Sistema Solar...



Os três planetinhas e o meteorito mau

Era uma vez três planetinhas que gostavam de brincar na galáxia. A sua brincadeira preferida era o jogo das escondidas. Tão depressa desapareciam e ninguém os encontrava, como apareciam, à noite, brilhantes no firmamento. Por vezes só apareciam pela metade mantendo a outra metade às escuras. Se os restantes astros não os conhecessem bem e não soubessem que quem tem cauda são os cometas e não os planetas, acabariam por dizer que se tratava de planetas escondidos com a cauda de fora. Mas não. Eram mesmo planetas.

Um dos maiores sonhos do planeta mais velho era vir a pertencer a uma constelação, mas depois de consultar muita literatura e perder horas com o iPad a ver youtubes atrás de youtubes, de maneira que até ficava com a cabeça à roda de tanto pesquisar, chegou à conclusão que a casa dele nunca poderia ser uma constelação, pois essa era a organização habitacional das estrelas e não de outros astros, mas apenas uma órbitra da qual não deveria sair sob pena de se vir a estatelar num qualquer buraco negro. Contentou-se, assim, em pertencer a um sistema planetário, girando com os seus irmãos mais novos à volta de uma grande estrela. Giravam tanto, tanto, tanto, em elípticas repetitivas e mesmo à volta deles próprios, como um gato a tentar apanhar a sua própria cauda, que por vezes chegavam a ficar com tonturas de cabeça.

 O planeta do meio sonhava ser cometa. Um dia ainda tentou fugir de casa. Sem que ninguém o visse, durante o dia, pois que à noite seria bastante notado, desde que estivesse acima da linha do horizonte e andasse na sua fase iluminada, foi, pé ante pé, ter com um asteroide amigo dele e perguntou-lhe onde é que poderia comprar uma cauda. Mas não teve sucesso. O asteroide indicou-lhe a barbearia do Sr. Tesourinhas que um dia cortou o rabo ao macaco Chico, mas este já não o tinha, pois que o barbeiro já havia trocado o rabo do macaco por um saco de sardinhas e assim, coitado, continuou a viver na sua posição intermédia, entre o planeta mais velho e o mais novinho, este sim um verdadeiro cabeça no ar, sempre na rua, sempre a tentar sair da órbitra da estrela que o iluminava, um grande desobediente, em resumo.

Pois o mais novo, um planeta engraçadinho, como são engraçadinhas as coisas pequenas, os gatos, os chinchilas, os bebés, era um doidivanas. A alegria dele era andar a brincar na rua com os cometinhas, com as estrelinhas, até mesmo com as pequeninas estrelas cadentes, sem saber o perigo que era quando os pais delas apareciam por perto e todos de mãos dadas, que é como quem diz de órbitas conectadas, cantavam em algazarra no vácuo do firmamento, sem que outros os pudessem ouvir:

"quem tem medo do meteorito mau, do meteorito mau, do meteorito mau?
quem tem medo do meteorito mau, do meteorito mau, do meteorito mau?
lá lá lá lá lá..."

Um dia, o meteorito mau aproximou-se sorrateiro, da roda que os pequenos astros faziam e onde se divertiam, mas a uma velocidade tal, que se não fosse o brilho que tinha e o calor que emanava ninguém tinha dado por ele. Foi tal a ventania cósmica que provocou, que fez com que o jovem planetinha desse duas voltas no ar saísse da sua própria órbitra, deambulasse pelo espaço durante milhões de anos e fosse cair no sistema solar. Ficou bastante para lá de Plutão, e é agora conhecido por Makemake.

Não contente com o que tinha feito o meteorito mau passou também perto da casa do planetinha do meio. Este que sempre sonhou ser cometa e voar dali para fora e, depois do que tinha visto acontecer ao seu irmão mais novo, nem hesitou. Abriu a janela e deixou-se empurrar pelos ventos provocados pela passagem do meteorito. Deu tantas voltas no ar que até a respiração lhe veio a faltar. Infelizmente para ele, apesar de ter esticado os braços, não conseguiu apanhar o rasto provocado pelo meteorito mau e foi tal o esforço que fez que acabou por desmaiar. Quando acordou encontrava-se na órbita do Sol como mais um planeta anão do sistema solar. Tinham-lhe dado um novo nome, chamava-se agora Éris e era um dos maiores planetas anões atualmente conhecidos.

Quanto ao planeta mais velho e também mais experiente, ao ver o que acontecera aos irmãos, fora bem mais preventivo. Pediu ajuda à estrela à volta da qual girava, solicitou-lhe que ela o prendesse ainda com mais força, de tal maneira que o meteorito mau ainda tentou entrar pela cratera de um vulcão que estava no planeta a servir de chaminé mas não conseguiu. Fez tanta força, mas tanta força, este meteorito mau, que estoirou e transformou-se em milhões de partículas incandescentes. É por isso que no mês de agosto se vê nos céus um autêntico festival de estrelas cadentes.   

11 comentários:

  1. Olá, Avô, Vitor/ Constantino - Guardador de Sonhos!!

    Até eu fiquei encantada com esta versão dos Três Porquinhos e o Lobo Mau.
    O Daniel vai adorar a história, talvez daqui a mais uns cinco anitos mais, digo eu! :)

    No dia aprazado cá estarei para lhe dar uma beijoca!
    Cinco anos, Vitor...Como o tempo voa!

    Nunca esquecerei a primeira crónica que li tua. Ri tanto, achei tanta piada que te pedi desculpa, uma vez que a tinhas escrito num tom de grande seriedade.
    Se tivesses o teu arquivo à vista ia procurar.

    (Isto, para lembrar que por essa altura ainda não eras avô )

    Beijinhos, Vitor, vai aparecendo! :)

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    1. 1 - eu não acredito!!!! Acabei de escrever uma resposta ao teu comentário com tanto carinho e em vez de o publicar, cliquei no campo "Terminar sessão" :( :(
      2- vou tentar reescrever
      3- Olá Janita :)
      É verdade, já foi há bué. Não me lembro quando comecei o Constantino. Sei que o PreDatado comecei em 2013, mas fui deixando o tipo definhar. Está quase morto. Este aqui tinha o objetivo de contar histórias mas também está a balões de soro. Tenho um monte de coisas que me retiram o tempo necessário para me dedicar mais ao blog. Quanto ao facto de alguns textos terem só a fotografia foi por acordo com a editora desses textos. Lá me deixei enganar mais uma vez. Beijinhos.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ando há um tempão no ano 2011 a reler textos teur e a matar saudades, Vitor!

    Afinal, quando comecei a vir ao teu blog, o teu meto Daniel tinha dias de vida.
    Neste post dás conta do seu nascimento e eu não consto entre os comentadores, mas nos seguintes já cá canto!! :)
    De qualquer modo o tal post que falo deves de o ter retirado, pois há muitos que apenas mantém a foto.

    Ora relembra lá estes tempos, anteriores à célebre saga dos tais judeus que não me ocorre o nome e da tasca onde comíamos as pataniscas e se investigava a morte da bailarina...eheheh

    http://constantinogvacas.blogspot.pt/2011/05/25-felicidade.html

    http://constantinogvacas.blogspot.pt/2011/05/29-suspensorios.html

    Belos tempos, Constantino!! :)

    Beijinho

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  3. A história podia ser para o teu neto, mas a mim também me agradou bastante... :)

    Beijocas

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  4. Olá Teté. Já lhe li a história e a pergunta que me fez foi: "Avô quando é que escreves mais uma?". Foi bom sinal, quer dizer, sinal que gostou e queria repetição :) Vamos lá ver qual é a próxima que sai. Beijinho.

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  5. Olá, Vitor - Olá, Daniel...

    Sei que será através do FB que chegarão as centenas de mensagens de Parabéns pelo cumprimento dos 5 anos do neto!

    Como a minha página está morta e enterrada, venho por esta via, dar um grande beijinho na carinha do menino e, já agora, nos avós e papás.

    Dia Feliz para toda a família. :)

    Janita

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    1. Muito obrigado Janita pela tua lembrança. Transmitirei ao Daniel e aos pais os teus votos de parabéns. Um beijinho.

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  6. Uma prenda de anos para que o netinho nunca esqueça que tem um avô com uma imaginação fértil e um dom literário pouco vulgar.
    um abraço

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