domingo, 31 de maio de 2015

218. Quem não gosta que falem bem do seu trabalho?



Um livro muito engraçado, misto de humorístico e de policial. Está recheado de gagues, de apartes, de alfinetadas políticas, de situações hilariantes que deixam o leitor bem disposto. Quem leu o livro "Sete Facadas e Carapaus de Escabeche" sabe do que estou a falar.

Desta vez, tudo se passa entre 26 e 27 de setembro de 1998, as 24 horas mais alucinantes do já nosso conhecido Constantino, escritor e narrador, curioso que baste e que, por isso, se mete em enrascadas, como foi o caso. Tudo por causa de um manuscrito encontrado dentro da caixa ainda selada de um monitor de computador, de origem um pouco duvidosa.
Em busca de saber se o manuscrito, que parece muito antigo, terá algum valor, Constantino vai a Paris, onde tem encontros mais do que imediatos com as mais estranhas personagens, como a sinopse muito bem descreve.
Depois de rocambolescas aventuras, num ritmo alucinante medido ao cronómetro, tudo acaba da maneira mais inesperada e indesejada. Até fiquei com as minhas dúvidas se tudo não passou de um sonho do Constantino Sednanfer, que é como quem diz, o alter ego do autor.

Só tenho um reparo a fazer. É uma pena que os autores iniciantes tenham de se sujeitar a fazê-lo com orçamentos modestos, através de editoras com poucos recursos, muitas vezes às suas próprias custas, se querem ver os seus trabalhos publicados. Este nem é um dos piores casos, porque a Pastelaria Studios até é muito profissional com os seus parcos recursos. Mas as obras acabam por sair com gralhas e com uma formatação do texto pouco apelativa e que dificulta a leitura.

De qualquer modo, é um livro que se lê bem, que dispõe bem e nos dá umas horas bem passadas. Será que vamos ter novas histórias do amigo Constantino? Espero que sim.

Crítica de Sebastião Barata 

"Há fogo na doca", © Vítor Fernandes / Pastelaria Studios Editora (2015)